sexta-feira, 20 de abril de 2007

Se eu me bastasse

fugiria para sempre
para algum lugar longe do mundo
- longe de mim?

se eu me bastasse
largaria as correntes
soltaria um grito
- seria feliz?

quinta-feira, 19 de abril de 2007

so easy


não é preciso muito

não peço muito

não é preciso muito

não quero muito

não é preciso muito

Hoje... nem por isso

- oi. Tas bem?

- olá meu lindo colação, hoje nem por isso! e tu? já vi que sim “Oh Happy Day”

- é a musica....conheces? …………… hoje vou jantar com os colegas; até vim bem disposta; preciso de espairecer. kres vir? e damos um pezinho de dança...

- olha k é uma boa ideia. guttei

Mais tarde:

- pst!. como tas de finanças? tás à vontade?

- why?

- por causa da janta....20/25€.....tás disposta a gastar.....??

- pois, nope! os 15€ ainda é como aquele "é só uma vez"… e prontUs

- pois... é mais um "cadinho"...

- não, é mais 5 ou 10, e depois a saída dançar ou bar nunca é menos de 10

- deixa lá. fica p next

Pois L

Hoje , nem por isso estou bem. Acordei com uma dor forte no coração. Acordei triste… triste?

Como estou? Como me sinto?

Triste? Não sei bem se é tristeza. Talvez seja decepção. Decepção comigo mesma, com a minha vida, com o meu destino. Decepção comigo mesma por não saber o que se passa comigo, porque não consigo ter um abraço, carinho. Decepção comigo mesma por saber que não tenho hipóteses de ser mãe. Decepção comigo mesma por ser inculta, desinteressante. Decepção comigo mesma por sentir que viverei sozinha, sempre. Decepção comigo mesma por pensar demais nos outros, em como se sentirão na tua ausência (se eles nem sentem a tua falta… cadê telefonemas? Só para saber como estás). Decepção comigo mesma por continuar a sorrir e não conseguir ser de outra forma mesmo com tanta dor cá dentro. Decepção comigo mesma por sentir o coração apertado e não conseguir pedir ajuda não por medo, não por vergonha, mas por saber que a dor aumentará se o fizer porque as pessoas não se sentem confortáveis em confortar-me. Decepção comigo mesma…. Talvez seja mesmo isso.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

nestes dias...

Quando cá cheguei ainda vinha com o espírito angolano: juntava pessoas em casa para almoços, jantares, lanches, combinava passeios, praias. Com o tempo as pessoas ensinaram-me a pôr-me no meu lugar, que é Fora da ‘Família’, a Máfia portuguesa. Não pertences ao gang, à ‘Família’, estás foxtrot. Cá as pessoas têm que ser apresentadas ao grupo (‘Família’), “esta é a”, caso contrário não fazes parte da ‘Família’. Não podes chegar simplesmente e dizer “eu sou a”, pega mal, não és aceite, és mesmo posta de parte.
Doeu muito de início, senti-me perdida, triste, ignorada. Mas com o tempo fui-me habituando, como sempre. Habituando a ser sozinha numa sessão de cinema, numa peça de teatro, num espectáculo. Agora não dói muito, agora dilacera-me.
Acho piada (ironicamente falando) quando dizem:
- como vais conhecer pessoas se não sais.
Que piada, estou contorcida de tanto rir. Eu saio, sim. Sozinha. Vou ao teatro e ao cinema, vou a espectáculos, passeios. Sozinha. Cansei de convidar. Custa mais quando estamos a contar com alguém e no último minuto uma mensagem ou um telefonema “desculpa, fica para a próxima”
Outra é: “Temos que combinar”, um clichet que também faz parte da ‘Família’, como quem diz “esquece ….”.
Sabem o que mais me entristece? É situações como a que me senti há pouco tempo. Daquelas pessoas que gostava de poder partilhar filmes, saídas simpáticas, mas que nos últimos anos (seis, sete) tem-se desviado á ultima da hora “desculpa amiga, eu não vou poder ir, não estou bem”. Eu respeito isso. Ninguém é obrigado a estar connosco, a gostar de estar connosco, cada um de nós tem a liberdade de fazer seja o que for. Mas, quando nos dizem “tu continuas a ser a minha grande amiga”, nós acreditamos e continuamos a dar o tempo que a pessoa precisa. Quando de repente um encontro casual no centro comercial e um comentário do tipo “estava em casa quando uma amiga ligou pois precisa falar”, e eu acabara de a apresentar ao meu colega, como “esta é a uma das minhas melhores amigas”. É um choque, uma forte pancada. Que fazer? Seguir em frente, que remédio.
Eu só queria companhia para ir ao cinema, uma companhia que eu gostasse, que eu sentisse carinho, uma Amiga.
Afinal de contas eu sou amiga mas…como diria alguém: procurámos os nossos próprios problemas e no meu caminho só aparecem pessoas com problemas, a procura de apoio porque sabem que comigo terão Todo o apoio, a compreensão, a ternura, o carinho. Sentir-se-ão seguras enquanto precisarem. Pois, tens razão é verdade, provavelmente só capte para mim esse tipo de pessoas. Não sei o que fazer para ser diferente.
Sinto-me cansada há uns anos para cá, sinto-me perdida em mim, não sei como sair dessa agonia interior. Por fora, só o brilho dos meus olhos e o meu sorriso prevalecem.
Hey não pensem que estou a ser ingrata aos meus grandes e adoráveis amigos, porque sim TENHO grandes amigos sim. Ou pensavam que não??? Tenho grandes Amigos sim, a maior parte em Angola (Luanda e Lobito) daqueles que são do peito, tipo irmãos. E uma Grande Amiga cá, ela sabe, é loira mas sabe disso. E tenho grande amigos das 9 às 18, de 2ª a 6ª e são todos eles uma Dádiva para mim. Principalmente os meus pais, manas e sobrinhos. Acreditem.
Só que nenhum consegue dar-me um abraço, deixar que eu chore até não aguentar mais e que me diga “vai tudo correr bem” (aquela grande mentira mas que é tão bem-vinda naquelas alturas, como se nos desse coragem, como se nos confortasse sabermos que tudo vai correr bem, não sabemos como mas vai).
Todos temos os nossos problemas e eu, mais do que ninguém, sei respeitar a dor e o momento dos outros, quem me conhece sabe disso. Posso estar de rastos mas os outros estão em primeiro. Sorrio e faço palhaçadas para o bem estar geral. Detesto o papel de coitadinha. Mas quero tanto um abraço, alguém que me embale e diga “vai tudo corre bem”, ou simplesmente esteja ali em silêncio mas que eu sinta que eu oiça outro coração que não o meu. Que eu sinta outro calor entre o abraço, que não sejam só os meus braços a minha volta.
Faço alguma lógica? Sei lá, nem me importa.
Estou triste nesta semana Santa, sozinha. Por escolha? Sim, porque sinto-me vazia e a obrigação de ir ter com pessoas que querem ver-me a sorrir, a brincar, a dizer baboseiras; que não suportam que exista outra pessoa com problemas e que esteja calada; que só essas pessoas têm o direito de sentirem necessidade da minha atenção, da minha força, das minhas bobagens, para se sentirem melhor; não tenho forças para tal, Porque preciso, sim eu preciso de me sentir pequenina no colo a ser embalada, não aguento mais embalar Todos, os meus braços estão cansados, o meu coração está pequenino, cansado.
O telefone não toca, não faz mal.

Há quem possa vir a dizer "assim afastas as pessoas"...eu só posso dizer: só podemos afastar (ou não) quando existe uma aproximação....

Isto tudo porquê? Este fim de semana sonhei com uma bebé, vezes seguidas, sonhos diferentes...mas ela estava sempre lá e eu... a embalar, a cantar, alí para ela. (a PS disse-me uma vez "será que a bebé que sonhas várias vezes, não és tu?")

segunda-feira, 2 de abril de 2007

qual o propósito?

Em dias de poucas ondas, deito-me desfeito leito de noites entre mal dormidas a não dormidas. Os fins de semana passam sem deixar rasto e a apatia renasce das cinzas. Qual o propósito das coisas? Qual o propósito da tristeza? Do aperto no peito? Da solidão imposta nas mãos atadas? Qual o propósito de tudo isso? Que quer dizer? Qual o fim? Chove lá fora mas cá dentro chove mais ainda. Não há forma imediata de interromper a chuva interior, de impermeabilizar cada gota que dói, marca, como marcas de cigarros apagados na pele cansada. Já lá foi mais uma noite, mais um dia, e não há resposta para a pausa prolongada de uma espera inacessível. Onde está a coragem? Está nos olhinhos pequeninos que sorriem e abraçam com força num dia de aniversário, na Páscoa, no Natal. Sim, eles são toda umA força. Eles são todO um despertar mesmo que seja só por momentos sazonais do ano. Qual a dúvida que nasce constantemente? Qual a crença? Qual a solução? Para que serve tudo isso? Por quanto tempo mais a espera? Será que vale a pena a espera e os olhinhos pequeninos que sorriem num dia de aniversário…? E de noite onde eles estão? E quando a dor no peito aumenta onde estão os bracinhos pequeninos que apertam descomunalmente num Amor maior que tudo? Qual o propósito de uma luta e longa espera?

Vampigos - a raça!

Caída, sem força no corpo! Embalo mudo no silêncio de uma vida. Crer, pensar que sim, e no final, nada existe. Amigos? Onde estão? Que gente é essa? Sugam! Sim sugam. Incansavelmente, sem pressas, sugam. Não deixam gorjeta nem um sinal. Aparecem para sugar num acto vampírico de quem só sabe fazer isso, de quem precisa só disso para sobreviver. Eles existem, andam por aí. Todo o mundo os vê, mas poucos os que sentem incondicionalmente vontade de dar algo. Poucos os que contam minúsculos espaços no tempo em que eles apareceram sem ser para sugar. Porque eles só sugam, o sorriso, a força, o abraço, o amor, o carinho! Sugam a paciência, a compreensão, a Amizade. Em troca deixam o vazio de uma espera. Deixam a toalha desalinhada e é também assim que sabemos que por lá passaram. E esse sentimento de vazio.
Quando o sangue já de nada serve, a indiferença surge, o esquecimento, a falta de tempo. Ou simplesmente………………
Amigos esses Vampiros que estão em todo o lado, sobrevoando a cidade nas nossas cabeças.

Sou eu, só Eu

Que se passa? Os insensíveis perguntam! Os intocáveis impacientes! “Que se passa????” simples: cansaço. Aquele profundo e incomodo cansaço que nos impede de sorrir por dentro, e – para as pessoas corajosos, como eu – sempre sorrindo para fora. Força ai, miúda, um dia – quem sabe? - saberás o que fazer. Verás que vai ser mais fácil porque vais parar de pensar nos outros e olharás para ti com olhos mais críticos do que sempre foram. Verás: Sou eu! Nada mais importa, Sou eu, só eu! Quando acordares nesse dia ou noite, saberás, sentirás e irás sorrir por dentro. Irás saber o que é sorrir sempre para dentro como sorris para fora tantos anos. Mas sabes? Sim sabes do que falo, das vezes em que o teu Eu interior Sorriu como por magia. Algumas vezes. As últimas muito recentes mas distantes para ti: 7 anos e 5 anos atrás. Quando o teu coração sentiu pertinho o bater dos coraçõeszinhos daqueles que te fazem sorrir sempre. Só eles te fazem sorrir como um dia irás sorrir sempre, sem nunca mais parares de sorrir mesmo que as lágrimas se juntem, mesmo que os soluços se juntem, jamais deixarás de sorrir. (Tu, quer dizer, Eu sinto a falta dos meus sobrinhos. Cada dia uma eternidade.)
No caminho que segues – se é que é um caminho – tropeças em pedras que estão lá por algum motivo – e até é bom que assim seja, dizem que se alcança a sabedoria desta vida quando conseguimos ultrapassar as pedras que nos enfrentam – mas só me lembro de ver pedras no teu dito caminho, cada vez mais enormes e afiadas. Oh, dizem os sábios, é uma lição de vida…. Mas tantas? Quando é que acabas o curso? Estou cansada de estar aqui a espera desse dia. Bolas prá ti pá